Sexta-feira, cerca de meio-dia e meia. Saio da faculdade, pego o ônibus de volta pra casa, e, pouco depois de passar pela roleta, sinto algo estranho na minha mochila. Por um momento, pensei que fosse o monte de pessoas passando perto de mim, que não deixam eu me mexer. Quando elas passam, percebo o bolso da mochila aberto, sem a bolsinha preta em que guardo meu aparelho medidor de glicemia, algumas seringas e ampolas de insulina (sim, sou diabético, pra quem não sabe).

Por um momento pensei em ter deixado aberto o bolso e ter caído, mas lembrei que a mochila estava bem fechada quando passei pela roleta. Me dei conta então de que as pessoas que passaram por mim abriram minha mochila e me roubaram. E o pior: o que um filho da puta dum ladrão vai fazer com um medidor de glicemia? Tomara que ele use as seringas com a insulina, passe mal e vá desta pruma melhor.

Fiz um boletim de ocorrência numa delegacia (o famoso B.O.) e já estou com outro medidor de glicemia. Foda vai ser continuar andando de ônibus.

E mais: agora no sábado, o André foi assaltado também. Ameaçaram ele com uma faca no pescoço e levaram a carteira e o celular dele.

(Superstição idiota: ontem, sexta-feira 13, tanto eu quanto o André abrimos guarda-chuva debaixo de teto na faculdade. Coincidência e tanto.)

Parece que no Brasil a gente perdeu o direito de andar onde quisermos, de viver em paz. Falando com outras pessoas, encontrei gente em quem já passaram a mão dentro do ônibus e ameaçaram com arma, que já foi assaltada dentro de ônibus… O pior é que a gente ainda tem que se conformar porque não foi pior. Se foi assaltado, tem que achar bom não ter sido ferido ou morto. Se passaram a mão, tem que achar bom porque não foi estupro. E por aí vai…

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