Da série Textos de que gosto
Quando eu tinha 12 pra 13 anos, eu estava lendo uma revista do Capitão Rapadura, se não me engano, quando achei um texto que me tocou. Não estranhe: na revista, além do Capitão Rapadura em si, havia charges e textos de diversos autores. Sempre que acho conveniente cito a história e, mediante a aprovação que ela teve nos últimos dias em algumas conversas, procurei no Google o texto (cujo autor desconheço) e decidi postá-lo aqui.

Vocabulário de apoio: na mitologia, um fauno é um ser esquisito que vive nas florestas.

Leia e lembre-se: duvide sempre.

Prova de amor

Na ensolarada manhã de abril, a jovem vinha andando pelo campo, trazendo a bilha d’água fresca recém apanhada no córrego. Tentava aqui e ali proteger-se (sem deixar de andar) nesta e naquela sombra das árvores que margeavam a estrada gramada.

Assobiava uma melodia entre triste e alegre. Eis senão, quando, do alto da colina, num só galope, desce, com a fúria que acende na raça ao meio dia, um Fauno, completo e acabado, no corpo, no espírito e na flautina. Facetamente pôs-se a acompanhar a senhorita no passo e na melodia. Ela tentou não lhe dar atenção. Fingiu ignorá-lo, parou de assobiar, pensou em outra coisa.

O Fauno então disse, num tom de voz de ardor e sinceridade incomparáveis:

– Tenho paixão por você. Amo-a como ninguém jamais amou ninguém. Não poderia viver sem você.

E a moça respondeu:

– Não vejo porque alguém se apaixonaria por mim desta maneira, eu, sem graça e sem beleza, quando logo ali atrás vem minha irmã, que é a mulher mais linda e encantadora de Bathgarem.

O Fauno olhou e não viu vivalma:

– Por que me engana dessa maneira? – Perguntou. – Não vejo ninguém.

– Bem – respondeu a senhoritinha – Porque queria testar sua sinceridade. Se me amasse realmente, não olharia para trás.

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