A nutricionista me recomendou uma dieta pra ganho de peso (lembrando que ganhar peso não é ganhar gordura). Por ser diabético e ter um rim já um pouco mais carregado que o normal — apesar dos exames estarem normais —, no lugar de passar potes e potes de suplementos com gosto de areia de ampulheta, que forçariam o pobre órgão e que participariam do meu Instagram sabe-se lá por quê, ela preferiu jogar as proteínas em coisas com jeito de comida de verdade.
A partir daí eu nunca comi tanto presunto, queijo, iogurte e aveia na vida. Também passei a semana tomando suco, sem tomar um mísero refrigerante e evitando manteiga e margarina, indo pra academia todo dia, tudo muito bonito.
Chegou o sábado de manhã e tive minha terceira aula de fotografia, que consistiu de tirar fotos no Passeio Público e treinar umas técnicas. Depois de 3h debaixo de sol fazendo foto e andando dum lado pro outro, o glicosímetro soltou um “cara, é bom você comer logo”. Bem oportuno: pra quem não sabe, no almoço de sábado tem uma feijoada incrível no Café Passeio.
Almocei aquela feijoada fabulosa e bebi uma Coca-Cola Zero geladíssima pra rebater aquele calor lazarento fabricado em Dakar. Você pode até ter uma hashtag de marombeiro que leva seu sobrenome, mas não negue: é bom. Ainda fui pra casa e dormi a tarde toda de bucho cheio, acordando com uma disposição e humor que eu não devia sentir desde setembro.
Me regozijei feito um personagem bíblico. E, por falar em Bíblia, só Deus pode me julgar (tá, minha médica e minha nutricionista talvez possam). E não sei o seu deus, mas o da minha dieta sabe o valor das pequenas recompensas.