Um dia, quem sabe…

Minha vida tem sido correria e só correria. Provas. Trabalhos. Trabalho. Correndo, correndo sempre, contabilizando as horas, dormindo mal. Corro, sobretudo, atrás de sonhos, penso em estar dum jeito melhor e num canto melhor daqui a uns anos, e isso me sustenta de alguma maneira, me faz abrir os olhos por mais alguns segundos enquanto meu corpo quer dormir.

Às vezes bate uma sensação chata, talvez a realidade dando pauladas na minha nuca. Tudo bate numa coisa chamada dinheiro, e no fundo eu estou lutando por ele sempre. 24 horas por dia. 7 dias na semana. Sonhar é romântico, mas todo sonho e toda realização têm, na sua essência, uma certa ligação a dinheiro. E quanto mais brigo pra tentar encher os bolsos nem que seja a médio prazo, mais pobre de espírito me sinto. A vida tem mostrado, dum jeito chato, que o que move o mundo é dinheiro…

Não, não virei comunista. Apenas sinto falta de quando eu pedia dez reais pros meus pais, encontrava meus amigos e voltava feliz pra casa. A vida adulta é um saco, mas não posso passar a vida toda pedindo dez reais e essa é a realidade. Menos abraços, mais suor.

Por vezes ao dia sinto falta dum abrigo, de um lugar onde eu possa descansar sem ser descoberto. Sem cobranças, sem ordens, sem obrigações, sem barulho. Queria apenas lembrar que estou vivo e conseguir relaxar a mente e sentir o espírito. Quando a gente pensa que vai ter descanso, a vida vem e dá uma rasteira na gente, e já é hora de lutar de novo, com mais força… Isso cansa.

Queria dar menos o cano nos amigos, mas sempre tem um empecilho, uma obrigação, e tenho que correr pra me formar, ter um emprego legal, ter um currículo bom, poder dar alguma coisa pra quem já me deu tanto, recuperar o tempo perdido, me limpar de qualquer conformismo que venha a surgir do chão querendo se prender aos meus pés.

O tempo tem me deixado amargo, workaholic, sem assunto, afastado das coisas que acalentam o coração. Tornei-me um alienado, cheio de conversas sérias, usando muito a cabeça e pouco o espírito. O relógio corre depressa e penso se estou aproveitando bem: coisas que fiz ontem já têm semanas, textos tão recentes têm dois anos.

Só espero sentar um dia, a médio prazo, olhar pra trás e poder falar que tudo valeu a pena.

6 thoughts on “Um dia, quem sabe…

  1. Cocoto, você já parou para pensar que quando você chegar a onde você quer você vai ter outros problemas que você vai criar outras espectativas e novamente vai deixando aos poucos esse ciclo continuar?

    Você esta fazendo muito certo. Correndo, batalhando… e novamente eu falo para você (pela milhonezima vez) não deixar cair nesse cotidiano e tentar ir aproveitando a vida mesmo com tantos problemas.

  2. Jogo flores em vez de tomates (se quiser vendo os olhos e desenho um Z com a espada na sua barriga), porque entendo PERFEITAMENTE cada palavra escrita aqui.

    E devo confessar que ainda sou muito pior que você. Ninguém consegue me convencer dessa história. Desse lance estranho. Eu até participo, mas não me envolvo, junto grana, mas sei porquê, e já tive muito medo de me jogar nas coisas, de largar outras, de fazer algo que pareça estar (e talvez esteja mesmo) numa contramão sem freio nem de mão numa ladeira de piçarra. Mas tenho conseguido aos poucos retomar minha coragem juvenil.

    Só não faço a menor idéia do que vai acontecer, do que vai ser de mim. Quando eu souber, te aviso se dá certo ou não. Enquanto isso tu continua com tudo do jeito que está, e segura a resistência.

    Beijo grande em tu.

  3. Outra coisa importante: há quem não entenda uma linha e ache que você só quer ser pra sempre um adolescente mimado e sem compromisso com a vida. Eles também não estão errados. É tudo uma questão de ponto de vista.

  4. olha, sobre ser workaholic, eu gosto, sabe?

    cada pessoa se satisfaz de um jeito, e como a gente nunca está satisfeito com tudo, pelo menos no meu trabalho ninguém mexe. eu gosto. mas isso não significa se afastar de todo o resto, tudo tem que ter um limite, e seus amigos mesmo entendem isso, e se você exagerar, eles te puxam de volta, dá saudade 🙂

    e essa música é TUDO. eu escuto no repeat 345 mil vezes e não enjôo de jeito maneira. :*

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