Na semana passada, a revista Veja fez uma matéria de capa sobre Diabetes, que reproduzo ao lado. Sou portador de Diabetes Mellitus tipo I há 11 anos, e alguns amigos meus prontamente me falaram da reportagem. Só tem um problema: a reportagem só servia para pacientes de Diabetes Mellitus tipo II, que não é o meu. Mas não é isso o que tem na capa.
Imagine, então, um paciente de Diabetes tipo I vendo a matéria de capa, morto de feliz achando que vai se livrar das várias injeções diárias de insulina e deixar de ser uma peneira humana ao ler a capa da Veja, e em seguida se decepcionando ao ler o conteúdo da matéria. É o que teria acontecido comigo, se o Cassiano (do Eu Podia Tá Matando), o primeiro a me falar da reportagem, não me fizesse um resumo da matéria antes que eu mesmo visse a revista nas bancas. Imagine se você tem um câncer de pulmão, vê uma capa de revista falando sobre “A cura do câncer” e quando abre a revista descobre que a cura noticiada só envolve câncer de esôfago…
Não pude, porém, deixar de enviar um e-mail à Veja falando do assunto:
Como qualquer pessoa, fico feliz pela reportagem sobre Diabetes da edição 2.032 de Veja. No entanto, ocorreu uma falha de comunicação absurda na capa: esqueceram de comunicar que a reportagem era sobre diabetes tipo II. Pessoas como eu, que sou portador de diabetes tipo I, tiveram uma grande alegria ao ver a capa, seguida por imensa decepção ao ler a reportagem e descobrir que a “esperança” noticiada simplesmente não servia para nós.
Fica, portanto, meu apelo de que, quando forem colocar reportagens desse gênero na capa – seja sobre diabetes, seja sobre qualquer doença -, ponham lá também a que segmento dos portadores a reportagem se refere.
Aguardo um retorno dos senhores.
Esdras Beleza de Noronha,
portador de Diabetes Mellitus tipo I há 11 anos
Pra piorar mais ainda, a maneira como a notícia foi feita acaba levando várias pessoas, principalmente as menos informadas, a crer que a cura está disponível a partir de hoje, e elas então vão desesperadamente atrás de médicos e hospitais querendo ser curadas. Isso acabou levando a um comunicado oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes: “(…) Esperamos que a divulgação precoce,a um público leigo, de um procedimento ainda em fase experimental não estimule cirurgias desnecessárias e mal indicadas sob a expectativa de um milagre. (…)”
De tudo, fica apenas uma esperança: a de que os jornalistas tenham mais respeito aos portadores de doenças, em detrimento da vontade de vender revistas.
Fala Esdras !!!!!! tava falando com o Anderson infrared e ele me falou do seu blog, aí passei para deixar um OI ! e não resisti e coloquei o site do pinguim
abração
Grande Esdras!!! Estamos vivendo tempos nostálgicos com o site do pinguim. Faz tempo, hein? 😀
abraço e fique bem!
imenso esdras!!! Isso mesmo, vamos denunciar a imprensa golpista!
Abraços.
Esdras,
É freqüente, também, anunciar drogas já bem conhecidas pela classe médica, e com indicações bem específicas e limitadas, como a nova salvação dos doentes hipertensos, infartados e etc. Responsabilidade zero por parte dessas revistas.