Kundera é afiadíssimo e incômodo. Suas reflexões sobre o ser humano, seu comportamento, seu pensamento e sua alma incomodam. A profundidade que ele avança em seus personagens é fabulosa. E ele discorre perigosamente sobre questões essenciais da existência, dos relacionamentos e do pensamento humanos.
Hm, que tal o acaso?
“Só o acaso pode nos parecer uma mensagem. Aquilo que acontece por necessidade, aquilo que é esperado e se repete cotidianamente é coisa muda apenas. Somente o acaso tem voz. Tenta-se ler no acaso como as ciganas lêem no fundo de uma xícara os desenhos deixados pela borra do café. (…) O acaso tem seus sortilégios, a necessidade não. Para que um amor seja inesquecível, é preciso que os acasos se encontrem nele desde o primeiro instante como os pássaros nos ombros de São Francisco de Assis.”
E as dúvidas?
“Só as perguntas mais ingênuas são realmente perguntas sérias. São as interrogações para as quais não há resposta. Uma pergunta para a qual não há resposta é uma cancela além da qual não há mais caminhos. Em outras palavras: são precisamente as perguntas para as quais não há respostas que marcam os limites das possibilidades humanas e que traçam as fronteiras da nossa existência.”
E o amor, Kundera?
“(…) E os amores são como os impérios: desaparecendo a idéia sobre a qual foram construídos, morrem com ela.”
“(…) O amor começa por uma metáfora. Ou melhor: o amor começa no instante em que uma mulher se inscreve com uma palavra em nossa memória poética.”
Não há dúvidas: Kundera sabe criar personagens como ninguém, e a partir deles discorrer como ninguém sobre toda as questões da humanidade.
Li Kundera no começo desse ano. O homem é simplesmente genial mesmo. Tem umas coisas que ele escreve que parecem aqueles pensamentos e sensações que a gente tem sempre, mas não sabe explicar, não sabe tornar inteligíveis.
O filme tambem eh lindo.
Tudo que está ae é uma releitura de grandes filósofos… Kundera apenas reescrever de uma forma mais fácil de entender ideias dos outros…